Natureza pura

domingo, 18 de julho de 2010

Maravilhosos SELVAGENS






 
"Índios, maravilhosos índios! Gosto que se chamem índios. Ao contrário do que muitos defendem, com base no argumento de que são vocês os verdadeiros nativos do continente, desagradar-me-ia que lhes chamassem americanos. Que têm vocês a ver com Amerigo Vespucci? Índios, gosto que se chamem índios, porque o índio traz uma pena na cabeça. Obrigada pelos vossos macios mocassins, que pisavam a terra com ternura. Por usarem arcos e flechas, belo instrumento digno do melhor engenho humano. Pelos vossos tipis, cónica e leve morada de nómadas. Pelas vossas incríveis indumentárias, de franjas aladas. Pelas penas na cabeça que vos tornam semelhantes a pássaros. Pelos vossos nomes repletos de significado. Por terem sido cavaleiros magníficos. Por serem guerreiros-poetas, como só os samurais souberam ser. Pela vossa presença cheia de casta. Os majestosos rostos solares, o porte sacerdotal. Os vossos perfis de aristocracia antiga. Quem poderá rivalizar convosco em beleza e refinamento natural? Pelo vosso grande amor à verdadeira liberdade. Aquela que não precisava de vir consignada na Lei, porque residia no interior de cada um de vós. Por darem valor à palavra, de tal maneira que dispensavam que ela ficasse escrita. Por o vosso fascínio secreto ter povoado o imaginário das crianças de todo o séc. XX. E como a criança que fui me deixa contente por me ter posto sempre ao vosso lado. Por preferir os fracos aos fortes (no sentido - e apenas nesse - em que a força considerada é equiparada à força bruta), os humilhados aos vencedores. Os amantes da liberdade aos amantes do medo. Por ter desejado ser um de vós. Por vos ter desenhado tantas, tantas vezes em longas tardes africanas, como um acto de magia que vos fizesse reviver. Por ter sido em brincadeiras um índio chamado Cavalo Forte, o melhor guerreiro e o melhor caçador do acampamento. Por ter sido o homem de confiança do feiticeiro e o braço-direito do chefe Touro Sentado. Por ter descido o desfiladeiro, só, em busca do bisonte, e regressado com a presa ao círculo dos tipis em volta da fogueira, quando já a noite caíra."

 

Tradição indígena

Sabedoria (quase esquecida) do povo nativo norte-americano

Por Harina Miotto
REUNIÃO DE RESPEITO
Sentados em volta da fogueira, anciãos e guerreiros experientes reuniam-se para tomar decisões que afectariam toda a tribo. Ficar ao redor da Fogueira do Conselho tinha uma razão.
“O poder que move o universo é circular. O céu, as estrelas, o sol, a lua e o planeta são redondos. As estações do ano vão e vêm e a vida do homem também é um ciclo”, afirma Black Elk, indígena lakota, no livro Black Elk Speaks, ditado a John Neihardt em 1932.

Atritos pessoais eram esquecidos –
a comunidade vinha antes do eu. Além do crepitar do fogo que iluminava a noite, ouvia-se apenas a voz de uma pessoa, a que possuía o “bastão-que-fala”. Com ele em mãos, era permitido falar. Quem possuía a “pena-da-resposta” – quando a pedia – poderia responder. Os demais permaneciam calados, pois todo ponto de vista era valioso e merecia ser ouvido. Essa forma de organizar reuniões ensinava o respeito. Ao saber ouvir, além de respeitarmos as pessoas, reflectimos mais antes de falar. E, como parte dos membros era anciã, isso demonstrava a confiança depositada na sabedoria dos mais velhos.LUGAR DE PODER
Os nativos sabiam que tudo no planeta está em interacção. Como explica Noah Seath, mais conhecido como Chefe Seattle, no famoso discurso de 1854: “As flores perfumadas são nossas irmãs, os cervos, o cavalo, a grande águia, são nossos irmãos. Os picos rochosos, as seivas nas campinas e o homem, todos pertencem à mesma família. Somos parte da Terra e ela é parte de nós”. E, porque uma coisa está ligada à outra, cada centímetro da terra é sagrado e qualquer espaço pode servir de energização para alguém, explica Jamie Sams, estudiosa da cultura nativa americana no livro As Cartas do Caminho Sagrado.

E quando, por alguma razão, os índios sentiam que um cantinho era mais especial, baptizavam-no de “Lugar de Poder”. Cantavam, tocavam tambores, dançavam, pois acreditavam que assim poderiam atrair virtudes pessoais. “A ligação com a terra favorece a energia necessária para que possamos desenvolver nossos dons, habilidades e talentos naturais”, afirma Jamie.Não por acaso, muitas pessoas procuram lugares na natureza com os quais sentem mais afinidade para relaxar a mente e o corpo: pode ser praia, montanha, cachoeira, perto de uma árvore, no quintal. Pense em um local de que você goste muito. Se ele o ajuda a reflectir e a se sentir feliz, então esse pode ser seu lugar especial.

Os indígenas americanos compartilhavam experiências e agradeciam à natureza por meio de rituais. “Tudo é sagrado para nosso povo”, diz Arvol Looking Horse, indígena lakota e chefe pertencente à 19ª geração de guardiões dos conhecimentos nativos, que vive hoje em uma reserva da Dakota do Sul, nos Estados Unidos.


Os índios americanos realmente eram ambientalistas?

Indio americano.jpgA história tradicional é familiar aos alunos: Os índios americanos possuíam uma profunda afinidade espiritual com a natureza e eram surpreendentemente cuidadosos com o bem estar ambiental.
Segundo um livro popular publicado pelo Instituto Smithsonian em 1991, "A América-pré-colombiana era ainda o Éden original, um imaculado reino natural. Os nativos passavam desapercebidos na paisagem, vivendo como elementos naturais da ecoesfera. Seu mundo, o Novo Mundo de Colombo, era um mundo onde as intervenções humanas eram quase imperceptíveis".

Esta lição nada subtil tenta nos ensinar que, se queremos prevenir uma catástrofe ambiental, nós temos que retomar a sabedoria indígena perdida.






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